Sucessão patrimonial: estratégias para garantir a continuidade de empresas familiares
11/12/2024
As empresas familiares desempenham um papel essencial na economia e na geração de empregos no Brasil. No entanto, a transição de gestão para as novas gerações continua sendo um dos maiores desafios para essas organizações.
De acordo com um estudo do Banco Mundial, publicado no portal do Sebrae, apenas 30% das empresas familiares chegam à terceira geração e apenas 12% delas sobrevivem à sucessão de três gerações.
Neste cenário, os fundadores das empresas familiares têm a preocupação de proteger o patrimônio da família e os ativos do negócio, especialmente caso um imprevisto os impeça de trabalhar e gerir sua organização.
O planejamento sucessório surge como uma estratégia fundamental para organizar, proteger e transmitir o patrimônio da família ao longo das gerações, além de assegurar a continuidade do negócio.
No entanto, segundo a Pesquisa Global de Empresas Familiares da PwC, apenas 24% dessas empresas possuem um plano de sucessão formalizado.
Interessado no tema? Continue a leitura para conhecer algumas estratégias que podem garantir a continuidade do seu negócio.
O que, exatamente, são empresas familiares?
As empresas familiares são aquelas em que as lideranças e até mesmo os colaboradores pertencem à mesma família.
Em outras palavras, tanto o quadro societário quanto os cargos de liderança, especialmente os de alta hierarquia, são ocupados por membros da família do(a) proprietário(a) do negócio.
Esse modelo de gestão familiar reflete a aplicação de recursos próprios da família na criação e administração da empresa, além do sentimento de confiança que os membros da família têm uns nos outros, o que os motiva a gerir o negócio juntos.
Segundo dados do IBGE, publicados na Revista Exame, 90% das empresas brasileiras têm perfil familiar. Essas empresas são responsáveis por 65% do PIB nacional e geram 75% dos empregos no país.
Quais são os desafios enfrentados por empresas familiares?
As divergências gerenciais estão entre os principais desafios enfrentados nas empresas familiares e, geralmente, envolve o conflito entre a visão tradicional de gerir um negócio e a gestão moderna.
Nesse caso, fundadores ou membros mais antigos tendem reforçar práticas tradicionais e aplicar uma forma mais conservadora de gerir, enquanto os sucessores mais jovens são movidos pelo forte desejo:
- De implementar mudanças;
- Construir uma nova cultura organizacional;
- Modernizar processos;
- Explorar novos mercados;
- Arriscar mais.
Existem outros desafios comuns enfrentados nas empresas familiares quando se trata de diferentes gerações em um mesmo negócio, são:
Estilo de liderança e gestão: muitos gestores mais experientes ainda preferem uma gestão centralizada, na qual eles mantêm todo o controle sobre as decisões do negócio.
Sucessores desenvolvidos em uma era digital e globalizada tendem por descentralizar e delegar responsabilidades, optando muitas vezes por contratar especialistas e profissionalizar a administração do negócio.
Lucro x crescimento: muitos fundadores de negócios tendem a priorizar o lucro da empresa, novos sucessores, por sua vez, investem no crescimento dela.
Foco no negócio x harmonia familiar: não é difícil encontrar empreendedores que priorizam o sucesso do negócio, mesmo que para isso precisem demitir um parente. Outros têm como prioridade a harmonia familiar, considerando não o afastar para evitar conflitos.
Tomadas de decisões: existem familiares que trabalham juntos e optam por tomar decisões a respeito do negócio de forma colegiada ou consensual. Também existem negócios em que apenas o fundador ou o parente mais experiente dá a palavra final.
Soluções para melhorar a gestão de empresas familiares
Segundo a publicação do portal Seja Relevante, da Fundação Dom Cabral, globalmente, apenas:
- 30% das empresas familiares chegam à segunda geração;
- Apenas 12% conseguem transferir a gestão e o controle dos negócios para a terceira geração (netos do fundador);
- E apenas 3% chegam a ser controladas pelos bisnetos (quarta geração).
Ou seja, poucas empresas familiares sobrevivem até a quarta geração.
Mas, quais são as soluções para melhorar a gestão e garantir a continuidade dos negócios?
Algumas delas incluem:
- Melhoria da comunicação interna: garantir que todos os envolvidos na gestão estejam alinhados com os objetivos e metas da empresa;
- Políticas de transparência: divulgar resultados, operações e informações relevantes para todos os familiares interessados e envolvidos no negócio;
- Aplicação de políticas de ética e conduta: definir claramente os valores da empresa e estabelecer normas e diretrizes para o comportamento dos membros da família;
- Planejamento sucessório: criar um plano que defina como será feita a transição da liderança e o papel de cada familiar na administração do negócio;
- Investir na qualificação da alta administração: capacitar os gestores da empresa, garantindo que a administração seja profissional e eficiente;
- Não conceder privilégios: evitar que certos familiares sejam favorecidos, garantindo que as escolhas para cargos e funções sejam feitas com base em competência;
- Definição de processos para venda ou transferência de quotas: estabelecer procedimentos claros para a venda ou transferência de participações societárias, seja entre familiares ou para terceiros.
Como fazer o planejamento sucessório?
O planejamento sucessório é essencial para garantir a segurança, longevidade e sucesso das empresas familiares.
Imagine uma empresa familiar que está sob a liderança do fundador há mais de 50 anos. Esse empresário tem dois filhos e, devido à sua idade avançada, pensa em passar a empresa para seus herdeiros.
No planejamento sucessório, o fundador pode definir em vida como deseja que a empresa seja conduzida no futuro, estabelecer regras claras para a gestão do negócio e determinar quem receberá o quê e quando, em relação ao patrimônio.
O planejamento sucessório também ajuda a evitar burocracias e a reduzir os custos relacionados à herança, como tributos e gastos com inventário.
Contudo, é importante destacar que cada empresa familiar é única e exige um planejamento personalizado, considerando suas particularidades.
Existem diferentes formas de fazer esse planejamento, como por meio de doações, testamentos ou pela abertura de uma holding. A abertura de uma holding, por exemplo, tem se tornado uma prática comum, pois centraliza os bens e facilita a transferência de patrimônio para os herdeiros.
Para garantir que o planejamento sucessório seja feito da melhor forma possível, é recomendável contar com a orientação de um advogado especializado em direito da família e empresarial.
Gostou de entender a importância do planejamento sucessório para a continuidade das empresas familiares e a proteção patrimonial dos seus membros?
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